A História da Guitarra no Brasil
A origem dos instrumentos de cordas é antiquíssima e talvez remonte mais milênios do que os oficialmente estimados. Entre os instrumentos de cordas existem as ‘Guitarras’ que é uma família grande e são muito antigas.
No Ocidente Europeu, as guitarras existem pelo menos desde a Idade Média que eram as chamadas Guitarras Medievais, e durante a Renascença surge, por conseguinte a guitarra renascentista, durante o período Barroco a guitarra barroca. Mas, no Brasil ela surge por volta de 1600 quando os espanhóis chegaram em terras brasileiras e trouxeram a guitarra mourisca que tem origem ibérica. Mas, a guitarra elétrica só surgiria no mundo ocidental no século 20.
No Brasil, a história da guitarra elétrica começa oficialmente nos anos 50, entretanto sabemos que nos anos 30 e 40 já existiam indícios de instrumentos musicais elétricos do tipo guitarra baiana que eram usados nos famosos trios elétricos que por tradição fazem o Carnaval de rua no Nordeste do País, como os pioneiros DoDo ( pai do famoso guitarrista brasileiro Armandinho ) e Osmar. Não temos registros oficiais de outras partes do país onde pudesse estar se desenvolvendo tecnologia em guitarras elétricas, muito embora saibamos através de depoimentos de pessoas mais velhas (que frequentavam nesta época salões de Baile da capital de São Paulo e do interior do Estado, bem como, outras cidades de outros Estados) que atestam existir guitarras elétricas em meados da década de 40, período da segunda guerra mundial, usadas nas então “Big Bands” que animavam tais bailes , óbviamente que eram guitarras eletro-acústicas, ainda não existiam as maciças muito embora conforme já citei, que na Bahia, DoDo já trabalhava com corpo maciço. Portanto, podemos supor que em outras cidades do país poderia haver senão construtores de instrumentos (Luthiers), mas, ao menos reparadores de instrumentos que faziam conserto,..etc. O que se sabe na realidade é que Luthiers que faziam violões e fábricas de instrumentos de corda, começaram a fazer experimentos na área da guitarra elétrica na capital de São Paulo, onde surgiram algumas das principais marcas e modelos de instrumentos, bem como os principais luthiers e empresas. Segundo sabemos, o pioneiro (ou, um dos pioneiros) da guitarra elétrica no Brasil, ou seja, o primeiro luthier à montar uma guitarra elétrica ainda nos anos 1950, foi Vitório Quintillio (falecido nos anos 90), que trabalhava na fábrica de Violões “Del Vecchio”, onde ficou por 25 anos, mais tarde passou a atender seus clientes em sua própria casa onde tinha seu pequeno atelier. O SR.Vitório, como era chamado pelos guitarristas, construiu muitos exemplares de modelos diversos de guitarra que se tornaram verdadeiras relíquias. Nos anos 1960 com a febre do Rock empresas como; a Del Vecchio e a antiga e tradicional Tranquillo Gianinni começaram à fabricar guitarras elétricas que praticamente dominavam o mercado. Mas, outros fabricantes e luthiers também tentavam produzir modelos de guitarra de maneira artesanal ou em série que cujos shapes eram cópias das importadas. Surgindo assim, várias marcas de instrumentos como por exemplo; a Phelpa que também produzia amplificadores, a Begher criada por Romeu Benvenutti (irmão de Lídio Benvenutti, o “Nêne” que era conhecido nacionalmente por pertencer à uma das mais famosas bandas de Rock Brasileiro dos anos 60; os Clevers ,mais tarde ; Os Incríveis) , que construia exemplares muito elogiados pelos músicos da época.Ainda nos anos 60, bem próximo à Vitório Quintillio residiam Sérgio Dias Batista e Arnaldo Dias ,ambos integrantes da mais famosa e respeitada banda de Rock do Brasil de todos os tempos: “Os Mutantes” , tinham um terceiro irmão chamado Cláudio Dias Batista (de pseudônimo; Té) que era considerado um gênio em eletrônica e acabou criando , montando e construindo guitarras, pick-ups, e amplificadores artesanalmente e de qualidade incomparável para a época a ponto de ser muito procurado por toda a comunidade de músicos para reparos, consertos, encomendas de instrumento ou mesmo para aprender tudo sobre equipamento. Por volta de 1965, quatro irmãos com o sobre nome Malagolli, chegaram à experimentar protótipos de guitarras artesanalmente, imitando o modelo Fender Stratocaster. Mas, por uma questão de demanda na época acabaram por decidir entrar para o setor de fabricação de pick-ups, onde conseguiram melhor êxito tornando-se referencia nacional. Nos anos 70, surgi a marca Snake / Ookpik que além de fazer guitarras também produzia amplificadores que eram muito bem conceituados entre os músicos. Outras marcas não menos famosas surgiam ,como; a Finch, e a Golden. Nos anos 80, a Dolphin conquistou mercado quase monopolizando a atenção. Logo à seguir, na mesma década começam à despontar novas marcas como; Tagima (talvez a mais bem sucedida até hoje), Kraft, Ladessa, Cast, Spanish, Dreamer e outras. Já na década de 90 surge a marca Phil, e etc.
Quanto ao surgimento dos primeiros guitarristas brasileiros, podemos citar alguns nomes como sendo os pioneiros; Poly, Bola 7 (que é considerado nos EUA pelos estudiosos do assunto o principal guitarrista de Jazz da sua época na América do Sul ) , Zé Menezes , o Alemão (Olmir Stocker – que é sem dúvida o maior representante da guitarra Brasileira) Edgar Gianullo, entre outros .Estes últimos citados, são praticamente pioneiros no Brasil e obviamente surgiram antes da febre do Rock nos anos 60 ,embora sejam contemporâneos por estarem trabalhando na mesma época com outros estilos e alguns também no Rock , entretanto , os nomes que despontaram já no final da década (de 60) foram nomes como; Sérgio Dias Batista, Lanny Gordin, Pepeu Gomes (que surgiu logo à seguir) entre outros. Antes, ainda no meio da década tínhamos o movimento da Jovem Guarda com muitas Bandas participando e por conseguinte seus respectivos guitarristas , entre eles despontavam; o Gato (da Banda Jet Blacks), Aladdin (dos Jordans), Risonho e Mingo (dos “Clevers” que se tornaria “Incriveis”) e outros que surgiam e desapareciam da Mídia. Porém, outros tantos guitarristas (Brasileiros) fizeram história inclusive ajudando a divulgar a música brasileira no exterior , muito embora desconhecidos do público brasileiro são reconhecidos no exterior. Nos anos 80 e 90 surgiram guitarristas brasileiros em muito maior proporção do que as décadas anteriores, entretanto ainda em processo de reconhecimento oficial , muito embora alguns poucos estejam na MIDIA. A questão é que no Brasil ainda não se sabe distinguir o eventual cantor que se acompanha com uma guitarra elétrica e que não necessariamente é guitarrista engajado no estudo do instrumento, daquele que é musico ou instrumentista e que esta criando um estilo que possui e desenvolve : técnica , conhecimento de harmonia , compõe peças exclusivas para o instrumento , enfim, definitivamente contribui para a evolução da guitarra mundial, este porém não é percebido pela Mídia e por conseguinte pelo publico. Lembrando que a guitarra elétrica pode ser usada em qualquer estilo de musica inclusive a Brasileira e que embora tenha se desenvolvido nos EUA ela hoje é universal e portanto brasileira também tanto quanto o Violão que outrora foi importado e hoje pertence a nossa cultura. Por isso que para nós ainda é muito difícil fazer uma árvore genealógica da guitarra brasileira, porque a visão da Mídia e do público estão muito distantes da visão daqueles que praticam e conhecem realmente este instrumento tão polêmico, mas, extremamente prazeroso, tanto tocando quanto ouvindo.

* Consulte o livro GUITAR BOOK – O GUIA DA GUITARRA onde consta uma lista grande de guitarristas Brasileiros e assuntos referentes ao ensino, evolução da guitarra elétrica,…etc…
https://wesleylelycaesar.net/guitar-book-o-guia-da-guitarra/
 Aulas Semanais, Quinzenais e Avulsas: https://wesleylelycaesar.net/aulas-semanais-quinzenais-e-avulsas/